
A NEGRA DE...
2 de novembro . 16h00
Cinema Charlot
música e musicado do vivo
SÉRGIO MIENDES
MANUELA COUTO
Ousmane Sembène
(FRA/SEN, 1966, 59 min, M/12)
Argumento . Ousmane Sembène
Fotografia . Christian Lacoste
Montagem . André Gaudier
Produtora . Filmi Domirev Dakar
Elenco . Anne-Marie Jelinek, Mbissine Thérèse Diop, Momar Nar Sene
Título original . La Noire de…
Cópia . Cineteca di Bologna
Diouana vive numa aldeia na periferia de Dakar, no Senegal, até ao dia em que uma mulher branca, apenas identificada como Madame, a contrata como ama dos seus filhos. Quando os patrões a convidam para se mudar com eles para França, Diouana fantasia com a vida cosmopolita que a espera. Mas, na Europa, a contínua agressão e violência emocional dos franceses acaba por evidenciar a extensão do racismo e a perpetuação das relações de poder coloniais — que aqui são veiculadas no espaço doméstico.
"La Noire de…" não passou despercebido à crítica internacional aquando da sua estreia, em 1966, entrando para a história do cinema como o primeiro filme de um cineasta africano a receber o prémio Jean Vigo, além de ter ganho o Tanit d’Or na primeira edição das Jornadas Cinematográficas de Cartago, na Tunísia.
Aquele que é considerado, por muitos, como o “pai do cinema africano” vê no cinema uma linguagem universal ao alcance de todos e um potencial aliado na emancipação cultural dos povos africanos.
Militante comunista e anticolonialista, Ousmane Sembène defende a importância de África contar as suas próprias histórias para que outros não o façam em seu nome. É de salientar que a história de Diouana é narrada, a posteriori, pela personagem da patroa.
Apesar das contradições e questionamentos que suscitou a decisão de Sembène de recorrer a uma voz “branca” para traduzir as memórias e os pensamentos mais íntimos de Diouana, esse detalhe não deixa de ter um impacto dramático, ao sugerir o quanto as amarras do colonialismo pesam sobre a identidade da protagonista, ao ponto de moldar o “eu interior”, numa língua que ela não sabe falar.
Restaurado pela Cineteca di Bologna/ L’Immagine Ritrovata laboratory, em parceria com a Sembène Estate, Institut National de l’Audiovisuel, INA, Eclair laboratories e o Centre National de Cinématographie. Restauro financiado pelo The Film Foundation's World Cinema Project
SÉRGIO MIENDES
MANUELA COUTO

SÉRGIO MIENDES
Guitarra e teclado
Natural de Setúbal, músico multi-instrumentista e guitarrista do projeto musical A Garota Não, foi membro da banda Hands on Approach.
Trabalha regularmente com os músicos Mazgani, João Pedro Pais, Tio Rex, Lena D´ Água entre outros.
Da sua extensa discografia, além de trabalhos a solo e como guitarrista em projetos musicais, faz produção mix e master para vários projetos.

MANUELA COUTO
Voz-off
Atriz reconhecida do público português, iniciou a carreira no Teatro de Animação de Setúbal e, em 1986, inicia uma colaboração de quinze anos com João Mota, na Comuna Teatro de Pesquisa. Trabalha regularmente em teatro, cinema, dobragens e televisão, onde, em 2002, inicia atividade regular, participando em diversas novelas, séries e telefilmes, bem como na direção de atores. Em 2009/2010, dirigiu o Departamento de Elencos da Plural Entertainment. Lecionou no Curso de Interpretação para Televisão da Universidade Lusófona e na Nicolau Breyner Academia. Desde 2021, Manuela faz parte do Júri Externo da PAP-Prova de Aptidão Profissional da Escola Profissional de Teatro de Cascais. Em 2016, foi agraciada com a Medalha de Honra da Cidade de Setúbal, na Classe de Atividades Culturais.

